Hermeticidade em edifícios
As vantagens de incorporar hermeticidade nos edifícios estão a tornar-se cada vez mais conhecidas
A hermeticidade entrou na nossa vida profissional como um novo e fresco conceito, mas também com uma certa conotação de "impalpável" nos edifícios. Ao contrário, por exemplo, da camada de isolamento térmico ou da estrutura, a estanqueidade ao ar pode passar despercebida nos planos porque pode ser alcançada com diferentes materiais, que por sua vez podem desempenhar outro papel construtivo. É por isso que falamos de uma "linha impermeável" e é difícil associá-la a materiais específicos. Mas esta primeira perceção é totalmente afastada da realidade.
Porque é que importa a hermeticidade?
A estanqueidade ou permeabilidade ao ar dos edifícios é uma qualidade física que os edifícios adquirem ao limitar o fluxo de ar exterior através de juntas e orifícios abertos. A estanqueidade ao ar está relacionada com a infiltração de ar, perdas de energia através da ventilação natural descontrolada (a ventilação controlada é através da abertura de janelas) e pontes térmicas.
Comparação gráfica da hermeticidade do edifício. No primeiro caso, pode ser visto que o fluxo de ar que entra também pode gerar desconforto na área de moradia
A hermeticidade à passagem do ar contribui para:
· Minimizar as perdas de energia por infiltração de ar, o que pode aumentar consideravelmente o consumo de energia.
· Aumentar a eficiência no consumo de aquecimento e arrefecimento.
· Melhorar o isolamento acústico.
· O conforto dos usuários.
· Clientes satisfeitos.
Materiais e técnicas para edifícios herméticos
Temos à nossa disposição uma vasta gama de materiais com propriedades herméticas, alguns existentes desde tempos imemoriais. Outros são mais tecnológicos e estão em contínua evolução. O truque é combinar alguns destes materiais de forma a criar uma linha imaginária contínua e impermeável que envolva toda a área de habitação do edifício.
Aconselhamo-lo a compreender a impermeabilidade como estratégia para uma ação global em todo o edifício. Não faz sentido ter, por exemplo, janelas de alto desempenho no seu projeto se as paredes tiverem infiltrações de todos os lados.
Os seguintes materiais são considerados herméticos:
Materiais «Tradicionais»:
· Camada de 1,5 cm de guarnição de gesso.
· Camada de 10 cm de betão. Lajes, placas alveolares e outros sistemas de construção em betão armado.
· Vigas e sistemas estruturais em madeira. O CLT de mais de 9cm de espessura é estanque.
· Elementos metálicos. Estruturas de aço e chapas de aço, por exemplo.
· Alguns painéis de partículas que satisfazem as condições de fabrico.
Materiais «tecnológicos»:
· Lâminas travões de vapor e de PE.
· Fitas específicas de alto desempenho.
· Membranas líquidas específicas.
· Tampas e colarinhos para passagem de instalação.
· Poliuretano.
A parte semitransparente do edifício, ou seja, os ocos em janela e porta que se abrem para a envolvente opaca, também desempenham um papel importante na hermeticidade. Na secção HE1, o CTE exige condições mínimas de vedação para componentes de eixos de construção, que se refletem nas folhas de dados do produto.
Os buracos, também herméticos
Além disso, a instalação de janelas e portas deve ser hermética para assegurar a continuidade que lhe dissemos antes (veremos isso mais tarde). Para conseguir isso, tem no mercado:
· Fitas pré-comprimidas de tripla função.
· Fitas específicas de alto desempenho.
· Janelas com tripla vedação central.
· Portas com rebordo.
Foto: KÖMMERLING. Solução para portas PremiPlan Plus.
Passivhaus e quantificação
É inevitável relacionar a estanqueidade à palavra Passivhaus. De facto, graças à incursão do padrão em Portugal, a estanqueidade é cada vez menos desconhecida entre os arquitetos.
O que principalmente diferencia o padrão Passivhaus de qualquer requisito que possa vir do CTE, é que o padrão quantifica exaustivamente as perdas de infiltração tendo em conta não só a qualidade do edifício, mas também o ambiente onde se encontra. Por exemplo, não é a mesma coisa ter o edifício numa área sem edifícios expostos ao vento, onde haverá mais propensão para infiltrações de ar indesejadas, como numa área urbana com uma exposição moderada ao vento.
Controlo em Fase de Projeto
Na Passivhaus usamos a "regra do lápis" na prática de projetos estanques, que consiste em poder desenhar uma linha contínua ao longo dos desenhos, sem levantar o lápis. De forma a tornar essa linha realidade através da adoção de materiais herméticos à passagem de ar.
Exemplo: regra do lápis nas casas das torres brancas
Quantificação na fase de construção
Já no local, a norma Passivhaus estipulou a exigência de realizar ensaios com portas sopradoras(Porta sopradora) para verificar se as estratégias de hermeticidade do projeto foram executadas corretamente. Para novas construções, é estabelecido um valor máximo ponderado de 0,6 renovações/hora para os testes. Isto significa que é permitido um escape máximo do volume de ar interior de 60% a cada hora.
Contamos com um programa global de aconselhamento para arquitetos com o qual o ajudamos a cobrir todas as necessidades do seu projeto de uma forma personalizada.